+ DRAGON DREAMING


Para mais informações sobre o Dragon Dreaming, deixamos a tradução de um texto do John Croft.
Sugerimos a página web do John Croft como fonte de mais recursos (www.dragondreaming.info), e com especial destaque para os vídeos - tremendamente inspiradores! 



TRANSFORMANDO SONHOS EM REALIDADE:

COMO CONSTRUIR UM PROJECTO ESCANDALOSAMENTE BEM SUCEDIDO: UMA ABORDAGEM ABRANGENTE
John Croft, Quarta-feira, 16 de Abril, 2008

Como transformar os seus próprios sonhos ou os sonhos de outras pessoas em realidade?  Os líderes,  são frequentemente obrigados a fazer acontecer coisas que nunca aconteceram antes. Em toda a parte há uma lacuna entre a forma como as coisas são e aquilo em que se podem tornar. Liderança eficaz é, muitas vezes, uma questão de preencher esta lacuna, de construir uma ponte que permita que outros venham a trabalhar em conjunto com o líder para alcançar a sua própria visão ou a visão do grupo.


É disto que trata o processo de construção de um projecto. Um projecto é definido como qualquer evento planeado, projectado para atingir uma meta de resultados específicos dentro de um determinado espaço de tempo. Os resultados da maioria dos projectos tendem a ser muito deprimentes. Na Austrália Ocidental, 90% dos projectos não duram mais de 3 anos. As pessoas envolvidas tornam-se muitas vezes  stressadas, esgotadas e juram nunca mais se envolver em nada assim novamente. Mas não precisa de ser assim.

Este trabalho é sobre como gerir projectos escandalosamente bem sucedidos. Mas o que é um “projecto”? 


Normalmente as pessoas pensam num projecto como uma actividade especial, fora do quotidiano normal. Mas, o Project Management Institute define projecto como: "qualquer esforço temporário empreendido para alcançar um objectivo particular... independentemente do tamanho do projecto, orçamento e cronograma."

Esta definição aproxima-se de definir qualquer actividade humana intencional como “projecto”, e num sentido muito real, isso é verdade. O facto de que nós seres humanos temos "objectivos" ou "intenções" faz parte das características que nos definem como indivíduos e como espécie, e ajuda a definir o que entendemos como consciência humana. Enquanto a consciência é considerada a monitorização interna dos próprios estados de espírito, isto não acontece no vazio. A consciência é moldada pela nossa imagem interna do mundo, criando uma representação daquilo que pensamos que ele é. Esta imagem é em parte baseada em experiências passadas, mas também é moldada pela nossa intenção. Intenção tem a ver com aquilo em que o nosso espírito está focado e, conjuntamente com a consciência, determina o que é ter uma mente. A intenção ajuda a seleccionar aquilo a que prestamos atenção e a forma como reunimos novas informações, o que reflecte os modelos do mundo que construímos e segundo os quais vivemos as nossas vidas. Assim, desta forma, ser humano é criar projectos, e os projectos, por sua vez, criam quem e como somos.

Mas um projecto não é algo inteiramente confinado ao indivíduo. É um processo de envolvimento, um diálogo profundo com o mundo que é externo à autodefinição de cada indivíduo. Sob esta perspectiva, o projecto pode ser visto como a forma como o indivíduo cura a sua separação, medo, ou dominação do ou pelo mundo. Exige um processo de "escuta profunda" se se pretende que seja um verdadeiro diálogo em vez de um monólogo de gestão.

Os gestores de projectos frequentemente reclamam a posse de todo o processo de organizar e executar projectos, mas este é o resultado de exagerar drasticamente a importância da "gestão" do processo. Também é consequência de uma tentativa de alcançar "poder sobre" o mundo, em vez de perceber que esse poder é, em última análise, construído sobre o mito da violência redentora.  "Gira o projecto" com sucesso ou então você vai achar que ele assume o controle sobre si, informam-nos numerosos textos de gestão. Assim, para executar com êxito um projecto, somos informados de que precisamos de "Gestão de Projectos", envolvendo as etapas do Integração do Projecto, Previsão do Projecto, Tempo do Projecto, Custo do Projecto, Qualidade de Projecto, Recursos Humanos do Projecto, Projecto de Comunicação, Riscos do Projecto, e Aquisições do Projecto. Mas isto é uma interpretação errónea da verdadeira natureza de um projecto. Gestão de projectos é apenas um dos 12 processos essenciais necessários à execução de projectos escandalosamente bem sucedidos.

Ao olhar para qualquer projecto, descobrimos que todos os projectos começam com o sonho de um único indivíduo. Infelizmente, demasiado frequentemente é só até aí que o projecto chega. A pesquisa indica que 90% dos projectos bloqueiam na fase do sonho, arquivado até que um dia "Vou arranjar uma maneira de chegar lá", ou colocados na Terra do Nunca de "Se pelo menos...". Para ir além da fase de "sonho", um projecto precisa ser partilhado com outros. Um projecto que permanece fechado na imaginação de uma pessoa individual, é um projecto apenas no nome. Para ser bem sucedido o projecto precisa de envolver o resto do mundo, o ambiente externo dessa pessoa. Para este processo o indivíduo contribui com investimentos pessoais - de tempo e esforço, energia, imaginação, e talvez até mesmo um investimento monetário. Projectos bem-sucedidos, no entanto, também têm um resultado, um efeito positivo sobre as pessoas que se envolvem neles. Projectos sem sucesso podem ter efeitos negativos que podem activar reacções instintivas como o lutar, fugir ou congelar. Contudo, mesmo projectos que não têm sucesso podem resultar em aprendizagem individual ou organizacional. Infelizmente, podem também resultar em consequências negativas, tais como a desumanização e perda de poder das pessoas envolvidas.

É sempre com o mundo que nos envolvemos através dos nossos projectos. Embora seja verdade que  criamos a nossa própria realidade, este processo de criação não provêm exclusivamente de dentro de nós mesmos, nem nasce apenas através das nossas intenções ou consciência. O mundo com o qual nos envolvemos é vivo, radicalmente "outro", separado do "self" do indivíduo. Embora este limite entre o "eu" e "outros" seja um limite negociável, precisamos reconhecer que não somos um "ego encapsulado na pele".  A membrana em torno de uma célula viva é, em última instância, um órgão de comunicação entre a vida interior de si mesmo e da vida exterior em que está envolvida. Da mesma forma a fronteira entre "eu" e "outros", entre "indivíduo" e "ambiente" é também uma membrana semi-permeável, uma membrana de comunicação. Endurecer ao limite esta membrana para alcançar a segurança, ou invulnerabilidade, vai na realidade reduzir o processo de comunicação necessário à capacidade de resposta, resistência e flexibilidade. Leva à tentativa de alcançar "invulnerabilidade" para controlar os outros e escapar de ser controlado por eles. E reduzindo a capacidade de resposta, acaba por criar indivíduos, organizações e projectos irresponsáveis.


Ao partilhar esse sonho com o outro,  através de um ”círculo de sonhos” o sonho transforma-se num sonho colectivo da equipa do projecto.